Brasil aceita pedido de refúgio de nigerianos

Foto: Antônio More

O Conselho Nacional dos Refugiados (Conare), vinculado ao Ministério da Justiça, aceitou, no início deste mês, o pedido de refúgio de três dos nove nigerianos que haviam sido impedidos de desembarcar no Porto de Paranaguá em setembro do ano passado. Com a situação regularizada no país, os três começaram a trabalhar em uma fábrica de tapetes em Almirante Tamandaré, na Região Metropolitana de Curitiba, e agora poderão postular a cidadania brasileira.

Os nigerianos fazem parte de um quadro de 27 pessoas que obtiveram refúgio no estado. Em todo o Brasil, 854 imigrantes estão nessa situação, segundo dados da Polícia Federal. Chukwuma Ken Enyorah, Johson Fadipe, ambos de 25 anos, e Daniel Isaac, de 24, viajaram durante 15 dias clandestinamente a bordo de um navio de bandeira turca para fugir da perseguição política e religiosa que sofriam na Nigéria. Junto com eles estavam outros sete jovens com idade média de 18 anos. Na viagem, um caiu no mar e morreu. Os outros seis, com medo de não se adaptarem ao Brasil, voltaram para a Nigéria e tiveram suas passagens pagas pelo governo brasileiro.

Ken, que foi professor de inglês em seu país, hoje é conferente de carga. Johson trabalha no estoque e Isaac é operador de máquina de vinil. Os três, que estão empregados desde 2011 na fábrica de tapetes, moram em uma casa cedida pela empresa e já começam a se adaptar à cultura brasileira. “Sentimos que aqui estamos em uma grande família. Não somos perseguidos e temos empregos”, conta Ken tentando se comunicar em uma mistura de inglês, yorubá e português.

Uma das primeiras pessoas a conversar com os nigerianos, o advogado Dalio Zippin Filho, membro da Co­missão Nacional dos Direitos Humanos, considera o prazo de oito meses de espera para a concessão do refúgio como uma evolução no tratamento dado aos imigrantes. “Pensei que esse processo iria levar uns dois anos. É um sinal de que o Brasil está evoluindo nessa questão”, avalia.

De acordo com Nádia Flo­riani, advogada e diretora da Casa Latino-Americana, uma das instituições que atuaram no caso, o governo brasileiro legalizou a situação dos nigerianos em função da perseguição religiosa que vinham sofrendo. “Eles também passaram por problemas econômicos na Nigéria, mas o motivo principal da fuga foi a religião ”, explicou.

Texto: Ellen Miecoanski e Flávia Shiochet 

Disponível em: http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?tl=1&id=1264342&tit=Brasil-aceita-pedido-de-refugio-de-nigerianos



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